
-Pai’zinho! – Gritei e corri ate ele. Charlie cheirava a surro, devia ter ido outra vez trabalhar para as obras com o Mike Newtom, o seu novo namorado.
-Hum…chegaste a má altura pah! Eu e o Mike estávamos a experimentar de lado… - Charlie não acabou e piscou-me o olho mordendo o lábio e olhando desesperado na direcção do quarto onde pude ouvir Mike chama-lo.
-Charliiiiie! Vem-me apagar este fogo!
-Ah…vim só buscar o Eduardo. – Murmurei atabalhoadamente tropeçando na minha própria barriga. Charlie amparou-me.
-Oh sua ordinária! O Jacob foi-te ao pito outra vez não foi? – Murmurou indignado com a cólera a crescer.
Ignorei os insultos e dirigi-me a despensa onde Eduardo estava a passar roupa a ferro.
-Eduardo? Estas a passar a ferro?
-Opah cala-te! Não vês que estou a ver a telenovela? – Gritou indignado e voltou a dirigir a sua atenção para uma televisão onde passava a telenovela. Distingui-lhe uma lágrima a sair da boca.
Sai daquela casa e dirigi-me ate ao meu tractor abaulado em segunda mão. Não consegui apagar de pagar as prestaçoes da pick up, por isso o banco ficou com ela.
Estava a conduzir ate as bombas de gasolina, quando reparo nos cartazes afixados ao longo do caminho. Pus o cabelo em frente aos olhos para não os ver, mas eles pareciam estar a chamar-me… A cara de Jacobino, o meu cão, que tinha desaparecido. O meu pai ate já lhe tinha dedicado um altar na esquadra, que, para desespero dele, teve que ser vendido para comprar um baralho de cartas.
Estacionei o tractor e peguei numa caneta de acetato para fazer uns corninhos na figura do jabardo do cão. Continuei a andar no meu tractor e parei quando cheguei as bombas de gasolina. Vi dois rapazes a olhar invejosos o meu tractor e a cochichar entre si por entre risos.
Que invejosos.
-Olha oh tu! – disse um deles para mim – Qual o ano do teu tractor?
Fiz olhar de experiente e puxei as calças para cima enquanto coçava a cabeça.
-Nunca fui boa em contas. – Admiti.
Ouvi-os cochichar.
-Viste no vídeo? Este tractor consegue desfazer um campo inteiro de trigo! Tentaram atingi-lo com saraiva e nem uma amolgadela!
-Para que achas que ela precisa de um tractor tão potente?
-A gaja deve ser uma agricultora, deve estar ligada ao contrabando de sementes.
-Ela não tem cara disso…eh pah.
Olhei sorrindo para eles e saltei para cima do tractor. Queria fazer uma saída dramática mas o tractor não pegou. Tentei novamente mas continuou sem dar. Então? Que se tava a passar?
Saí do tractor e fiquei a coçar a cabeça não compreendendo. Como é que eu ia agora para casa?
Eis que chega Laurent na sua trotineta. Parou junto de mim. Avançou na minha direcçao com a mao formando um punho certo.
Parei de respirar. Parei de me mover. Parei de pensar, coisa que de qualquer forma já não fazia a algum tempo. O punho de Laurent continuou a avançar.
-Ninguem saberá que fui eu… - Murmurou.
“Espero que o Jacob apanhe a roupa, ou ela vai-se molhar toda” – pensei. O meu ultimo pensamento. De seguida Laurent avançou, contornou-me e subiu para o tractor arrancando a toda a velocidade (10 km por hora).
-Ninguem vai saber que fui eu! – Gritou de cima do tractor enchendo-me de fumo.
Abanei a cabeça confusa e peguei na trotineta enquanto me dirigia até ao hospital. Desta vez iria ser diferente.
AMEI!!! lool
ResponderEliminarpassa do meu blog, já tem capitulo novo :)
BEijinho*
Não pare como isso é muito legall!!
ResponderEliminard+!
tudo daqui é legal!!!
bjs
ninguem saberá que fui eu!!
ResponderEliminarahahah
partiste-me toda....
já tinha lido e comentado mas como sabes esqueço-me sempre das letrinhas